terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A VIDA PÚBLICA... SOCIEDADE

Dentre outras formas de se poder viver em sociedade,
Eu sou o que vivo eternamente algemado com meus deveres.

Não me considero enforcado nem subjugado pelo sistema,
Aproveito das primeiras calabresas da pizza parcelada,
Mas ainda sim, sufoca-me um pouco o laço,
A tribuna, os ofícios e os vocábulos.

Dentre outras formas de se poder viver em sociedade,
Eu sou o que vivo eternamente algemado com meus deveres.

Ricardo Celestino

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

À ÚNICA PESSOA QUE CONHEÇO QUE SABE AMAR...

AMOR SINCERO

Te enxergo sem capas, nua
Em um escuro tão determinado a se iluminar
Pouco a pouco iluminando
O que antes a nudez mostrada
Não mostrava em outros cantos.

A surpresa de um embate,
Talvez chamar, combate
O inesperado seja sempre o que se vêm.

Comigo o amor não é um problema
Embora seja sempre passageiro
As ânsias de se gozar no momento é que cicatrizam,
Mas as marcas ficam
E ficam pra ficar.

Vá, lute, escravize-se até algo fazer com que se mude.
O mundo te impede de não ser egoísta,
Mas o egoísmo é um mal necessário,
Não é defeito,
Qualidade,
De um amor sempre atualizado,
E da eterna juventude
Contrastando com as nudezas da mocidade.

Sinto que serei sempre um jovem apaixonado,
Pois Amor envelhecido não me vale,
Independe dos meus sonhos e de minhas buscas,
De toda e qualquer estabilidade.
Amar sim. Completamente.
Fingir, jamais.



RICARDO CELESTINO

NÁUFRAGO DA UTOPIA

``Brecht externou a idéia de que é feliz a nação que não tem necessidad ede heróis. Afinal, a função do herói não vai além de nos apontar caminhos e nos alertar sobre os riscos da existência, o que por si so já os torna imprescindíveis. No mundo real nada substitui a ação humana, por vezes pequena, mas persistente, diária, coletiva, dos seres humanos. Grandes feitos e transformações mágicas cabem muito bem na ficção, pois expressam nossos desejos. Realizá-los cabe aos pequenos feitos cotidianos dos homens na extensão do tempo.``

- Luís Alberto de Abreu - Introdução do livro Náufrago da Utopia.

E se este discurso fosse gritado em todas as escolas do país, talvez muitas cabeças mudariam. Não digo que mudariam assim, do dia pro outro, mas numa grande escala de tempo, se martelássemos essa idéia na cabeça das pessoas. Cultivamos figuras heróicas o tempo todo, e como um bom torcedor apenas observamos como o herói se sai. Normalmente, para não dizer quase sempre, o herói mostra-se um incrível vilão, e aí acontece do direito de voto tornar-se uma grande forma de se manipular as votações, da imagem do presidente nos desmotivar por esperarmos tudo de quem não pretende fazer nada, enfim, de toda a boa imagem que criamos, na prática sendo distorcida por ações malucas.

Em que ponto gostaria de chegar com esse discurso? Bem, lendo o livro de Celso Lungaretti percebo que quanto mais dedicarmos as nossas vidas como bastidores, as mudanças vão correr de nós, vão pra muito longe. No entanto, gritar e expressar é ainda algo muito perigoso. Se antes nossos inimigos eram os militares, hoje lutamos contra a surdez cultivada por eles. E o que mais deve entristecer pessoas como Lungaretti é ver que vozes que gritavam ao teu lado hoje apenas fazem a manutenção de toda essa estrutura podre que nos rodeia desde Cabralzinho.

Bem, meu discurso é torto e mal preparado, mas espero que tenham ao menos a curiosidade de ler o livro dessa interessante pessoa que é Celso Lungaretti. E pra quem mora na Zona Leste, pra ser mais preciso na Mooca, vai curtir bastante as primeiras páginas. Assim como todo moquense, ele também esconde uma vaidade e deve ter uma camiseta do juventus guardada no fundo da gaveta.

- Ricardo Celestino


``Gerson é o primeiro do grupo a sofrer com os novos tempos. Preso por suspeita de subversão, passa um dia apanhando no Deops. Leva choques no pênis, nos testículos. Mas resiste, sabendo que nada têm contra ele; se não confessar, vão acabar acreditando que é um zé-ninguém e o soltarão.``

- Celso Lungaretti.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A SOLIDÃO É MELHOR QUE AMAR...

ASSISTENCIALISMO

Trouxeram-me um café
E depois um pedaço de pão
Deixei tudo na mesa
Pois estava atrasado para trabalhar.

Horário de almoço
São mastigadas,
e até pra isso criaram jeito
e estabeleceram que
a cada vinte mastigadas uma garfada,
a cada trinta garfadas uma concessão.
E aí dei trinta e uma,
Fiquei sem uma hora de salário pelo atraso,
E pela esperteza de querer ser mais que os outros.

E o jantar um café com pão,
Café-com-pão-zando meu anoitecer,
E encerrando meu dia como um soneto
4 4 3 3


- Ricardo Celestino

terça-feira, 28 de outubro de 2008

SOCIEDADE LIVRE

Sou livre para
beber,
fumar,
e me masturbar
até esporrar numa imagem sexual alimentada pela minha banda larga.

sou livre para
consumir,
gastar,
e me masturbar
pelo menos todo dia, uma vez por dia,
em horários flexíveis.

sou livre para tudo.
sou livre para o grito e o consumo,
pois afinal
eu me masturbo.

Ricardo Celestino

POETA, POETINHA...

A classificação de poeta e todo seu status de o ser supremo que consegue com a palavra atingir as mais divinas ânsias subjetivas da humanidade, o glorioso que, enfim, possui todo um talento nato que o faz se distinguir das pessoas comuns, o ser que está distante do que se tem por idéia A SOCIEDADE, aquele que observa tudo com uma certa distância e com isso tem a capacidade de criar e recriar, de brincar com as palavras e as pessoas, meus caros, não existe. Eu afirmo e reafirmo, não existe.
Refletindo sobre o conceito de poeta, cheguei a um impasse paradoxal: seria o poeta um Deus? Mas se divino e grandioso, por que a eterna esperança e o eterno pavor de Manuel Bandeira pela morte? Se fossem os poetas tão sabidos e donos de toda a razão, por que o suicídio de Sá Carneiro? E ainda, se fossem todos de atitudes tão sábias, qual a explicação das atitudes dos ex-tropicalientes?
Acontece que sempre houve uma grande dificuldade em se conceituar poeta e grandes poetas no tempo em que os observamos. Com isso, Manuel Bandeira dizia-se um poetinha, Vinícius de Moraes, orgulhando-se com sua produção poética, era desvalorizado pelo mundo acadêmico com a sua produção musical, mesmo afirmando e gritando que as músicas não passavam de poemas com ritmos instrumentalizados, Oswald de Andrade só teve seu valor com as escavações de Antonio Candido. E cá estamos, escrevendo e implorando por um espaço nos livros didáticos?
Não, provavelmente nenhum desses artistas gostariam de simplesmente serem lembrados em parágrafos de livros didáticos, principalmente transformarem-se em fonte de lucros familiares, vide Cecília Meireles e Carlos Drummond de Andrade, ops, Carlos D. And., vai que me cobram algo pelo nome completo do rapaz. E de repente, os escritores tornam-se imortais donos de uma cadeira, de um número, de uma ostentação. E de repente nos deparamos com pessoas comuns, que caminham, comem e realizam as necessidades do dia-a-dia universalizados como deuses com poderes genéticos fantásticos, possibilitados e gabaritados a escreverem os mais divinos versos, com conhecimentos enciclopédicos apenas pelo fato de existirem, e você, eu, todos nós ali, com os versinhos embaixo do braço, nos comparando e dizendo: Poxa, que merda eu sou?
E chego a conclusão que ser poeta é convenção social. Eu não posso me dizer poeta, eu não posso fazer poesia. Enquanto houver a literatura e ao seu lado uma estante de literatura marginal, acho indigno o título de poeta. Indigno e elitista. Se temos um poeta, logo ao lado temos apenas o letrista, apenas o poetinha, ou apenas o poeta marginal. E reparamos que toda essa ostentação e todo esse academicismo que respeitamos dos antepassados literatos, hoje caveiras de corpo e materiais de presença na verdade servem também para nos amedrontar e travar nossos pulsos.
E daí proponho a utilização dos clássicos como inspiração. E daí bato na tecla já gasta de Machado de Assis, de Oswald de Andrade, de Oscar Wilde, de Bauldelaire e talvez até de Edgard Allan Poe. Mas quem sou eu para me igualar a eles? Quem somos? Eu vos digo quem somos... somos pessoas vivas e isso dói. Infelizmente dói e incomoda.

- Ricardo Celestino

terça-feira, 2 de setembro de 2008

É PROIBIDO PROIBIR...

Fui deparado com uma personificação divina que ditou estas palavras numa loja de conveniências: É PROIBIDO PROIBIR.

super conveniente!

Eu acho que os grandes nomes de 68 estão a se virar no túmulo. Depois de 40 anos e continuamos as mesmas amebas de antes. É claro! Nada mudou! Tudo que mudou foi superficial e atingiu um alvo limitado que só foi atingido por ter corrido com as próprias pernas atrás do que necessitava.

Hoje, se ficarem atentos, muitos dos que tiveram gogó naquela época estão trilhonários e caladinhos. O que aconteceu?

Pois Karl nos explica, e Adorno nos complementa. Bem-vindo a universalização! Bem-vindo ao lucro pelo trabalho não pago! VAAAAI SEUS TROCHAS! GRITA! GRITA! GRITA! Por que quando todo mundo perder a voz, só meia dúzia vai possuir o halls preto.

(e se substituirmos halls preto por exílio no exterior?)

Ninguém chora pelos corpos caídos, mas todo mundo aplaude os pobres-milionários.

Realmente, eu acho que muita coisa deve ser mudada, mas se apoiar a uma utopia de 40 anos atrás é demais, não?

Pois se quiseres se apoiar nessa utopia, fique tranquilo. Mas a estude primeiro caro rapaz, pois acho que ninguém tem tempo para ouvir besteiras.


Aí vai um escritor que deve ser ouvido, embora pouco conheço sobre o ditucujo.

ZUENIR VENTURA


pois é, ZUENIR VENTURA. O cara viveu e gritou na época, e não sacode bandeiras.




E O SÍMBOLO DO CAPITALISMO HOJE É CHE GUEVARA ESTAMPADO EM CAMISETAS NA RENNER.


RC

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Reservatório de Idéias

- Me parece que nada mudou entre nós. Tuas ancas, teu perfume, teus cabelos lisos, nada mudou...
- mas você me conheceu quando íamos ao baile.
- sim, e nada mudou. Mesmo com toda sua performance artística em talhar tua face com os mais finos cremes, nada mudou, tudo igual. Mesma sensação vazia, agustiando-me em ânsias de enxofre.
- Bem, é o que dá ficar tanto tempo sem escrever.

E fecha-se a porta e lê-se: RESERVATÓRIO DE IDÉIAS DE RICARDO CELESTINO





Sinos tocam enquanto três garotos caminham e se tocam, uns querendo ser mais viris que o outro. Aí, Renato Alves decidiu acabar de vez com toda a zorra e projetou-se atrás de um dos amigos.
O urro comoveu o altar que estava em missa, e os três padres tiveram que rezar orações que limpariam teus pecados.
Resta saber se os pecados cometidos são solucionáveis com poemas, ou se continuam sendo blasfêmeas.




A carne...
A carne é aquela que te vive,
Mas que te mata
Ao ponto certo.

Coma para não ser comido,
Somos tendenciosamente
Sadossociais


*sadossociais: referente ao ato de derrubarmos um de nossa própria espécie para nos concretizarmos. Capitalismo. O fracasso de outras pessoas é nossa ascenção.



RICARDO CELESTINO

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Um BBB cinematográfico

Pois bem...

depois de um tempo na berlinda e descobrindo os olhos gordos sem criatividade que nos rondam pelo mundo a fora, estou de volta trazendo trechos de minhas composições. Embora seja uma grande besteira eu ficar nessas de privar o que escrevo, vou preferir guardar no meu baú minhas produções a mostrá-las para qualqueres e correr riscos de distorções malucas.

Claro, no momento certo elas serão soltas e farão o insucesso que merecem...

Enfim, o mundo é um grande plágio, não?!

agora sim, nosso BBB cinematográfico com um poema de introdução e uma idéia para uma filmagem.

Com o apoio e toda a criatividade de Erick Martorelli, pq agora é assim: ele tem uma idéia e nós dois nos matamos para tentar desenvolvê-la...


Proposta:

Aparece um homem de terno e gravata sentado num sofá assistindo televisão. Em cima da televisão, uma câmera. A imagem que passa na TV é a sua imagem, como num confessionário.
(nome do rapaz) – eu queria achar um jeito de desistir de tudo... de desligar as câmeras e voltar pra casa. Mas, sei lá... acho que muita gente vai acabar se chateando, né?!
O show começou há muito tempo. Talvez nunca ninguém consiga viver fora do espetáculo. Aliás, é muito difícil você conseguir viver sem se apresentar. Porque, reflitamos, o que é a vida? A vida é um show... a vida é um show dinâmico, e o público também atua, também interage e também decide o destino da história. E o teatro da vida tem uma perspectiva interessante: há tantos personagens principais quanto secundários e coadjuvantes. Depende muito de onde se observa a história. Bem, meu nome é Bruno Ribeiro e o que irei apresentar a vocês é a minha vida com cortes e edições.

- Ricardo Celestino
(por favor não me plageiem)

Existem várias formas de se ver o dia,
E eu vejo o dia pela janela da cozinha,
E alguns o vêem diretamente da sala de estar,
Mas ninguém jamais conseguirá
Presenciar o dia a dia no teu lugar.

Vamos todos,
Todos juntos,
Ter milhares de vidas a observar.
Vamos todos,
Todos juntos,
Cantar o que nos incomoda e mais ninguém.

- Ricardo Celestino
(se quiser, pode plagiar o segundo verso... eu deixo)

segunda-feira, 16 de junho de 2008

I - O Demônio da Perversidade

- Lewi Coca? – disse uma voz feminina.
- Sim. Quem é? – disse um sotaque italiano grosso e rústico.
- Lorenna Tricky.
O telefone saltou-lhe das mãos grossas e branquelas, mas logo o recuperou no ar.
Ajeitou alguns aparelhos espalhados numa mesa de escritório. Tinha que rastrear aquela ligação.
Acenou para um homem gordo que dormia na cadeira. Não houve resposta.
- Você... bem, é uma audácia ligar pra mim. – disse Lewi, enquanto tentava chamar atenção de seu funcionário. – Já te contaram que é a garota mais procurada em Nightbytes?
- Ah... claro. Eu leio jornais. – deu uma risada meiga.
- Então diga o que quer, e dê tempo para que os policiais cheguem até você.
- Lewi... Você ta há tanto tempo atrás de mim que acabamos virando amigos íntimos não acha? Estranhou eu nunca ter te ligado? – sorriu. - Às vezes sinto falta de uma conversa contigo. – sorriu novamente.
Lewi correspondeu à risada.
- Vá direto ao ponto, gatinha... eu conheço você tão bem quanto imagina. Sei que não será pega dessa vez e só está fazendo isso para tomar meu tempo. Mas saiba que eu também tenho meus truques... sei que estou sendo usado. – sorriu, mas na verdade ele não esperava ligação nenhuma.
- Você é esperto Lewi... muito por sinal. Foi o que chegou mais próximo de mim. –Ele não lhe respondia mais. Ninguém nunca conseguira uma conversa com a melhor criminosa de Nightbytes e saíra vivo. Aquilo garantiria uma aposentadoria bem recheada. – Mas, infelizmente, você não será uma exceção da regra.
- Como assim?
- Você sabe... minha voz é muito bela para ser ouvido por todos os ouvidos da cidade. Prefiro continuar sendo uma lenda.
- Aí que você se engana. Todas as ligações são registradas aqui nesse prédio. E Loyd está... – observou seu funcionário gordo ainda dormindo, imóvel. Depois de tanto barulho na sala, ele não acordara. – Está...
- Morto. Infelizmente. – sorriu.
- Como você fez isso? – berrou. – Ele foi almoçar comigo... você envenenou ele? – não havia passado por sua cabeça que ela poderia estar dentro do prédio. Seria impossível, mas nunca era demais quando se tratava de Lorenna Tricky.
- Pois é... tudo começou no mês passado...
- Mas que diabos você está falando?
- Eu estava angustiada e triste no meu apartamento. O andamento das pesquisas de invasão celular via rede não estava dando bons resultados. Parecia impossível! Mas Lobby, sempre o Lobby, surgiu naquela tarde com uma nova descoberta: a implantação do vírus K via rede. – sorriu ela. – você sabe mais que eu que esse vírus destrói uma pessoa em poucas horas. Transmiti-lo via IP seria o máximo. Imagina quantas verdinhas renderemos espalhando esse vírus na rede e depois vendendo anti-vírus como uns desvairados, após algumas milhares de mortes.
- O que?! – berrou Lewi. – Vocês são doentes! – mas ao olhar para o lado e ver aquele corpo obeso dormindo, estremeceu.
- Sem intromissões, senão num vai dar tempo, gatinho! – sorriu Lorenna. – pois bem, fizemos questão de que a primeira experiência com o vírus fosse o teu escritório. Já que somos tão próximos...
Lewi soltou uma gargalhada enlouquecida. Ela só podia estar maluca. A Attack tinha o controle de tudo. A ZSS era o maior empreendimento de segurança de Nightbytes. Era impossível invadir o sistema de dados e destruir o sistema de segurança, quanto mais infectá-los com um vírus do mundo real.
- Enfim, nós já conseguimos tudo que queríamos. Está começando uma nova era, gatinho. A população se encheu dessa democracia fantasiosa que só nos fode! – Lorenna teve um ímpeto de raiva, mas logo se controlou. – agora, deixarei que o vírus corroa tuas entranhas, seu desgraçado nojento!
O telefone ficou mudo.
Lewi correu para checar o servidor de segurança que era um notebook que ficava do lado oposto ao do funcionário que dormia. Tudo estava normal.
``Ela blefou. Aquela vadia blefou!`` - pensou, sentindo-se revivido. A um segundo atrás parecia estar no inferno.
Olhou o companheiro que dormia.
´´Ótimo... por que ele não acorda?``
Deu alguns cutucões no funcionário e viu que os pulsos dele estavam negros, carbonizados. Deu um salto para trás.
``O que é isso?``
Na tela do notebook do funcionário havia um ícone de um ursinho balançando os braços. Clicou.

É NECESSÁRIO ESTAR CONECTADO PARA ESTA OPERAÇÃO

Plugou dois fones no pulso e sentiu seu corpo duro na cadeira. Em menos de dois segundos foi transportado para um beco escuro. Vestia um casaco marrom e um chapéu de feltro. O beco tinha, além de uma lata de lixo infestada de ratos, um acesso a uma avenida com dois letreiros: à esquerda, um letreiro vermelho indicava conecções ao meio interno. À direita, programas online. Caminhou à direita.
Caminhou na avenida e avistou, mais adiante, uma parede com inúmeras portas, todas pintadas com os mais variados desenhos, até encontrar um urso balançando os braços. Caminhou até a porta e a abriu.
Uma luz branca ofuscou-lhe a visão e se deu conta de que estava novamente no beco escuro, caído ao lado do latão de lixo. O chapéu estava a alguns metros, próximo aos pés de uma linda garota morena de casaco vinho e olhos verdes.
- Lorenna?! – gritou Lewi. – Voc...
A voz lhe foi abafada. Ele mal conseguia puxar o ar. Nas mãos daquela linda morena havia uma seringa com um líquido preto dentro. Injetou nas costas dele, que cambaleou e deitou no chão.
Ora enxergava a mesa de seu escritório, ora enxergava um céu negro e poluído, até que uma pressão gigantesca veio-lhe na cabeça e sua visão ofuscou-se para sempre.

No noticiário da manhã:

``Lewi Coca encontrado morto em seu escritório nesta madrugada, vítima de uma overdose caféica. O detetive era o principal investigador da vigilante Lorenna Tricky. Aguardamos maiores informações no jornal da noite.``

quarta-feira, 11 de junho de 2008




CAP I - O DEMONIO DA PERVERSIDADE
CAP II - O PROJETO DO FUTURO
CAP III - ESTADO DE ALERTA
CAP IV - EM AÇÃO
CAP V - PRÓXIMA ATÉ DEMAIS
CAP VI - UM COMEÇO PARA O ESTRELATO
CAP VII - NOVAMENTE DISTANTE
CAP VIII - NOS NOTICIÁRIOS
CAP IX - QUANTO VALE UMA CABEÇA?
CAP X - O DEMONIO DA PERVERSIDADE II
CAP XI - A MOSCA DA SOPA ou CONCLUSÕES


Começo a colocar no blog segunda-feira o primeiro capítulo, pois estou terminando de revisar. Vale ressaltar que é um livro de ficção, escrito no meu tempo de colégio, mas só agora estou mostrando... dei uma revisada, mas busquei não alterar a essência da história e o raciocínio que segui.

Muitas coisas que escrevi naquela época acabaram amadurecendo em escritos mais atuais... o livro é meio que uma literatura infanto-juvenil, mas busco criar uma crítica social.

É isso! E agora por favor, leiem e comentem se estão gostando...

- Ricardo Celestino

terça-feira, 10 de junho de 2008

...

agora eu acho que ta na hora de arrumar o mundo, já que tua casa começa a ficar pronta... sei lá se vc entende oq eu qro dizer?

infelizmente, não sou o engenheiro que meu pai sempre sonhou que eu fosse, e não costumo manter meus cabelos cortados e minha barba feita regularmente como ele sempre desejara...

na verdade, eu prefiro manter minha aparência de homem-de-beira-de-sarjeta, e prefiro que as pessoas que não me conhecem me ignorem, passem longe de mim pelo fedor de minhas vestes. Que quando sentirem o cheiro que exalo, interpretem como um CAIA FORA OTÁRIO! BABACA! e se toquem e vão realmente pro outro lado da rua, ou corram de medo, de susto.

Meus amigos não sentem cheiro e não enxergam... não conseguem emitir juízos de valor.

Somos pessoas que tentam o máximo possível buscar um espaço sincero no mundo... a gente num se conforma em conquistar sem realmente merecer e querer conquistar... por isso nossas diferenças nessas terras...

não quero aqui ser o último herói do universo, o dono da verdade, mas eu quero só dizer que buscamos eternamente o que ainda resta de humano entre nós, e o que há de humano entre nós é o individual, o subjetivo, o que transcende a massa orgânica.

Bem, hoje em dia o homossexualismo já não significa apenas uma pessoa que opta por gostar de alguém do mesmo sexo, mas significa passar por milhares de provações sociais até provar que sua sanidade está perfeita e que você realmente está fazendo o que tem vontade.

ou ainda... ser homossexual passou a ser moda em algumas avenidas de São Paulo, e para no instante em que você pisa no lado de dentro da tua casa.

pra mim chega!

se ser gay é interpretado como ser um bicho diferente, alvo de chacotas sociais, um marginal da sociedade ou um EU ACEITO, MAS LONGE DE MINHA CASA, então eu me declaro gay ao teu lado e vou fazer com q todo mundo cale essa maldita boca preconceituosa...

e calem a boqui!

- Ricardo Celestino

segunda-feira, 9 de junho de 2008

E NA EXPERIÊNCIA... DESAPRENDO

Metamorfósico

Amo. Desamo. Amo.
Penso. Reflito. Esqueço.
Desejo. Possuo. Dou asas.

Amadureço em meu nomadismo
Danço em meus labirintos
enquanto na experiência desaprendo

Quanto mais convicção
mais descrença.

Nos elos de meu corpo
prossegue o sangue e a alma
entre mortes e ressurreições.

- Janderson Brasil


AQUI EU FICO

O mundo vai
E aqui eu fico
O mundo foi
E aqui eu fico
Você lutou e gritou
E aqui eu fico
Você chorou e enterrou
E aqui eu fico
Você mudou pra melhor
E aqui eu fico

Você apostava em mim...

Eu fiquei você foi...
O mundo foi e vai...
Bem melhor?

- Ricardo Celestino

sexta-feira, 6 de junho de 2008

MAS QUE PAMPA É ESSA QUE FICOU PRA TRÁS?

HERDEIRO DE PAMPA POBRE

Mas que pampa é essa que eu recebo agora
Com a missão de cultivar raízes
Se dessa pampa que me fala a história
Não me deixaram nem sequer matizes?

Passam às mãos da minha geração
Heranças feitas de fortunas rotas
Campos desertos que não geram pão
Onde a ganância anda de rédeas soltas

Se for preciso, eu volto a ser caudilho
Por essa pampa que ficou pra trás
Porque eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai

Mas que pampa é essa que eu recebo agora
Com a missão de cultivar raízes
Se dessa pampa que me fala a história
Não me deixaram nem sequer matizes?

Passam às mãos da minha geração
Heranças feitas de fortunas rotas
Campos desertos que não geram pão
Onde a ganância anda de rédeas soltas

Se for preciso, eu volto a ser caudilho
Por essa pampa que ficou pra trás
Porque eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai

Herdei um campo onde o patrão é rei
Tendo poderes sobre o pão e as águas
Onde esquecido vive o peão sem leis
De pés descalços cabresteando mágoas

O que hoje herdo da minha grei chirua
É um desafio que a minha idade afronta
Pois me deixaram com a guaiaca nua
Pra pagar uma porção de contas

Se for preciso, eu volto a ser caudilho
Por essa pampa que ficou pra trás
Porque eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai

Eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai

Eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai


- Vaine Darde e Gaúcho da Fronteira


Vaine Darde, natural de Urugauaina, RS, iniciou sua carreira como compositor e poeta em 1978 quando foi premiado no concurso Apesul Correio do Povo Revelação Literária. Em 1988 em parceria com Gaúcho da Fronteira fica conhecido em todo o país com a música Vanerão Sambado que ganha discos de ouro e platina. Em nova parceria com Gaúcho da Fronteira, gravada pelos Engenheiros do Hawai, Herdeiro da Pampa Pobre, afirma-se no cenário musical do estado. Recebeu por dois anos consecutivos o troféu Vitória concedido pela Secretaria da Cultura. Em 2004 ganha o troféu Clave do Sul como melhor letrista dos festivais.

Com mais de 800 músicas gravadas por artistas gaúchos e de outros estados, entre eles duplas sertanejas, é um dos compositores mais premiados do Rio Grande do Sul.

Detentor de uma centena de prêmios de festivais, conquistou em 1989, em parceria com Elton Saldanha, a Caleandra de Ouro, prêmio máximo da Califórnia Canção Nativa, evento que originou o movimento nativista. Possui uma coletânea de sua obra gravada pela gravadora Usa Discos em discografia que inclui doze autores consagrados, intitulada Autores do Sul. Seus poemas e sonetos compõem várias antologias.


AMIZADE DE GAITEIRO

Xote

Boleia a perna amigo velho e te aprochegue
Amarre o pingo que o churrasco está na brasa
Passe pra diante, puxe o cepo e vá sentando
Pois no meu rancho não precisa oh, de casa.
Golpeie um trago e tire a poeira da garganta
Enquanto encilho o meu verde chimarrão
Tua presença neste rancho companheiro
Faz corcovear de alegria o coração!

Nossa amizade é cria dos galpões
E campereadas nos potreiros desta vida -
Tua presença neste rancho hoje é festa
E a minha família te agradece comovida!
Esta visita de gaúcho que me fazes
Leva pra longe uma tropa de saudade,
Tem o calor do guarda fogo galponeiro
E aquece ainda mais nossa amizade.

E no teclado desta gaita te saúdo
E canto a ti este verso bem campeiro -
E esta emoção que toma conta do meu apito
Já faz vibrar a minha alma de gaiteiro.
E este xote que canto alegremente
E que o faço em tua homenagem
É um presente que te passo, amigo velho
Pra registrar por aqui tua passagem!

- Edson Dutra / João Pantaleão Leite


EDSON DUTRA, formado em direito, é gaiteiro do e um dos vocalistas do conjunto musical Os Serranos. É também um dos fundadores desse grupo.

Iniciou sua carreira de músico com o grupo Os Serranos, foi aluno de Adelar e Honeyde Bertussi, mais conhecidos como Os Irmãos Bertussi, grandes acordeonistas e também pioneiros da música gauchesca.

Teve vários trabalhos gravados com o seu grupo e recentemente gravou um DVD, Os Serranos na Expointer.


JOÃO PANTALEÃO LEITE é poeta e compositor gaúcho.



Há muito mais do que se imagina nas terras tupiniquins...

- Ricardo Celestino


quinta-feira, 5 de junho de 2008




A Avenida Paulista foi um dia um gigantesco matagal. Em 1891 Joaquim Eugenio Lima, um uruguaio, decidiu fazer dela uma grande paisagem à moda européia. Já que não tinha mais índio para enfeitar, que enfeitemos nossa paisagem! A burguesia invadiu a avenida promovendo a construção de grandes casarões, que conviveram com grandes movimentações urbanas como corridas de automóveis e passeatas.
O Trianon foi esbofeteado pelo modernismo. E o Trianon fica na Avenida Paulista.
Com o tempo tiveram de alargar a avenida. As corridas de automóveis se engarrafaram. Sabe como é, muito corredor para pouco espaço acabou tornando a emoção um tédio rotineiro.
E sabe o que aconteceu? Os terrenos do parque Villon e Bellvedere Trianon se estenderam e viraram uma gigantesca rua chamada Augusta. Lá vive a grande sociedade paulistana. Lá há bailes, homenagens políticas, carnaval e até manifestos artísticos. O problema é que nada do que eles falam deve ser escutado. Villon e Bellvedere acabaram virando uma gigantesca massa monga de São Paulo. Parabéns Andrades.
Nas quartas a cultura sai de folga. É o dia do cinema, no jornal. Nós saímos para assistir os filmes em cartaz para comentar depois.
Eu fico com o espaço de filmes alternativos. Existem filmes muito bons, mas a maioria dá preguiça de assistir.

- Ricardo Celestino

quinta-feira, 29 de maio de 2008




- Pensa só... existem coisas que a gente acaba omitindo, só para nos sentirmos bem conosco, mas no fim, percebemos que a vida é uma linha... sei lá, uma linha meio frágil, mas uma linha.
- Eu sempre quis ser o melhor...
- É, aí a coisa ja não é mais comigo...
- Bem, valeu Saudade.
- Até mais!



- A vanguarda... ela normalmente busca novos caminhos marginais até virar aplausos. Aí ela se cansa.
- Secaram?
- Jamais... se fosse óbvio, que razão teria?


Lá vai... O X-Ignorância deu uma ótima idéia e eu comecei a rabiscar algumas coisas..... ainda não é nada definitivo, já que teremos boas discussões sobre tudo isso... acontece que ta virando uma coisa grande, profunda... e eu acho q vai ficar ótimo (não pela minha parte, mas por unir a insanidade de um comilão e a agaivética espetada de um brazillix (nota: que quem não lê esse blog com freqüência não vai entender o trocadilho... - nota da nota: essa é uma dica, seu idiota! Xerete os posts anteriores que vc vai enteder)

bom, é isso... e fiquem com Deus viu...

Ricardo Celestino

quarta-feira, 14 de maio de 2008

é....

terça-feira, 13 de maio de 2008

Bem, fiquei um pouco maluco com a idéia de que todos temos uma cenoura invisível... isso me perseguiu tanto que ontem tive uma aula sobre Psicanálise, e vi que a psicanálise é um pouco fundamentada na cenoura invisível. interessante...

Mas sem dúvida que o autor desse texto é um maluco desgraçado. Bem, aí vai o texto, é de Chuck Palahniuk, autor do Clube da Luta.

Inspire.

Inspire o máximo de ar que conseguir. Essa estória deve durar aproximadamente o tempo que você consegue segurar sua respiração, e um pouco mais. Então escute o mais rápido que puder.

Um amigo meu aos 13 anos ouviu falar sobre "fio-terra". Isso é quando alguém enfia um consolo na bunda. Estimule a próstata o suficiente, e os rumores dizem que você pode ter orgasmos explosivos sem usar as mãos. Nessa idade, esse amigo é um pequeno maníaco sexual. Ele está sempre buscando uma melhor forma de gozar. Ele sai para comprar uma cenoura e lubrificante. Para conduzir uma pesquisa particular. Ele então imagina como seria a cena no caixa do supermercado, a solitária cenoura e o lubrificante percorrendo pela esteira o caminho até o atendente no caixa. Todos os clientes esperando na fila, observando. Todos vendo a grande noite que ele preparou.

Então, esse amigo compra leite, ovos, açúcar e uma cenoura, todos os ingredientes para um bolo de cenoura. E vaselina.

Como se ele fosse para casa enfiar um bolo de cenoura no rabo.

Em casa, ele corta a ponta da cenoura com um alicate. Ele a lubrifica e desce seu traseiro por ela. Então, nada. Nenhum orgasmo. Nada acontece, exceto pela dor.

Então, esse garoto, a mãe dele grita dizendo que é a hora da janta. Ela diz para descer, naquele momento.

Ele remove a cenoura e coloca a coisa pegajosa e imunda no meio das roupas sujas debaixo da cama.

Depois do jantar, ele procura pela cenoura, e não está mais lá. Todas as suas roupas sujas, enquanto ele jantava, foram recolhidas por sua mãe para lavá-las. Não havia como ela não encontrar a cenoura, cuidadosamente esculpida com uma faca da cozinha, ainda lustrosa de lubrificante e fedorenta.

Esse amigo meu, ele espera por meses na surdina, esperando que seus pais o confrontem. E eles nunca fazem isso. Nunca. Mesmo agora que ele cresceu, aquela cenoura invisível aparece em toda ceia de Natal, em toda festa de aniversário. Em toda caça de ovos de páscoa com seus filhos, os netos de seus pais, aquela cenoura fantasma paira por sobre todos eles. Isso é algo vergonhoso demais para dar um nome.

As pessoas na França possuem uma expressão: "sagacidade de escadas." Em francês: esprit de l'escalier. Representa aquele momento em que você encontra a resposta, mas é tarde demais. Digamos que você está numa festa e alguém o insulta. Você precisa dizer algo. Então sob pressão, com todos olhando, você diz algo estúpido. Mas no momento em que sai da festa....

Enquanto você desce as escadas, então - mágica. Você pensa na coisa mais perfeita que poderia ter dito. A réplica mais avassaladora.

Esse é o espírito da escada.

O problema é que até mesmo os franceses não possuem uma expressão para as coisas estúpidas que você diz sob pressão. Essas coisas estúpidas e desesperadas que você pensa ou faz.

Alguns atos são baixos demais para receberem um nome. Baixos demais para serem discutidos.

Agora que me recordo, os especialistas em psicologia dos jovens, os conselheiros escolares, dizem que a maioria dos casos de suicídio adolescente eram garotos se estrangulando enquanto se masturbavam. Seus pais o encontravam, uma toalha enrolada em volta do pescoço, a toalha amarrada no suporte de cabides do armário, o garoto morto. Esperma por toda a parte. É claro que os pais limpavam tudo. Colocavam calças no garoto. Faziam parecer... melhor. Ao menos, intencional. Um caso comum de triste suicídio adolescente.

Outro amigo meu, um garoto da escola, seu irmão mais velho na Marinha dizia como os caras do Oriente Médio se masturbavam de forma diferente do que fazemos por aqui. Esse irmão tinha desembarcado num desses países cheios de camelos, na qual o mercado público vendia o que pareciam abridores de carta chiques. Cada uma dessas coisas é apenas um fino cabo de latão ou prata polida, do comprimento aproximado de sua mão, com uma grande ponta numa das extremidades, ou uma esfera de metal ou uma dessas empunhaduras como as de espadas. Esse irmão da Marinha dizia que os árabes ficavam de pau duro e inseriam esse cabo de metal dentro e por toda a extremidade de seus paus. Eles então batiam punheta com o cabo dentro, e isso os faziam gozar melhor. De forma mais intensa.

Esse irmão mais velho viajava pelo mundo, mandando frases em francês. Frases em russo. Dicas de punhetagem.

Depois disso, o irmão mais novo, um dia ele não aparece na escola. Naquela noite, ele liga pedindo para eu pegar seus deveres de casa pelas próximas semanas. Porque ele está no hospital.

Ele tem que compartilhar um quarto com velhos que estiveram operando as entranhas. Ele diz que todos compartilham a mesma televisão. Que a única coisa para dar privacidade é uma cortina. Seus pais não o vem visitar. No telefone, ele diz como os pais dele queriam matar o irmão mais velho da Marinha.

Pelo telefone, o garoto diz que, no dia anterior, ele estava meio chapado. Em casa, no seu quarto, ele deitou-se na cama. Ele estava acendendo uma vela e folheando algumas revistas pornográficas antigas, preparando-se para bater uma. Isso foi depois que ele recebeu as notícias de seu irmão marinheiro. Aquela dica de como os árabes se masturbam. O garoto olha ao redor procurando por algo que possa servir. Uma caneta é grande demais. Um lápis, grande demais e áspero. Mas escorrendo pelo canto da vela havia um fino filete de vela derretida que poderia servir. Com as pontas dos dedos, o garoto descola o filete da vela. Ele o enrola na palma de suas mãos. Longo, e liso, e fino.

Chapado e com tesão, ele enfia lá dentro, mais e mais fundo por dentro do canal urinário de seu pau. Com uma boa parte da cera ainda para fora, ele começa o trabalho.

Até mesmo nesse momento ele reconhece que esses árabes eram caras muito espertos. Eles reinventaram totalmente a punheta. Deitado totalmente na cama, as coisas estão ficando tão boas que o garoto nem observa a filete de cera. Ele está quase gozando quando percebe que a cera não está mais lá.

O fino filete de cera entrou. Bem lá no fundo. Tão fundo que ele nem consegue sentir a cera dentro de seu pau.

Das escadas, sua mãe grita dizendo que é a hora da janta. Ela diz para ele descer naquele momento. O garoto da cenoura e o garoto da cera eram pessoas diferentes, mas viviam basicamente a mesma vida.

Depois do jantar, as entranhas do garoto começam a doer. É cera, então ele imagina que ela vá derreter dentro dele e ele poderá mijar para fora. Agora suas costas doem. Seus rins. Ele não consegue ficar ereto corretamente.

O garoto falando pelo telefone do seu quarto de hospital, no fundo pode-se ouvir campainhas, pessoas gritando. Game shows.

Os raios-X mostram a verdade, algo longo e fino, dobrado dentro de sua bexiga. Esse longo e fino V dentro dele está coletando todos os minerais no seu mijo. Está ficando maior e mais expesso, coletando cristais de cálcio, está batendo lá dentro, rasgando a frágil parede interna de sua bexiga, bloqueando a urina. Seus rins estão cheios. O pouco que sai de seu pau é vermelho de sangue.

O garoto e seus pais, a família inteira, olhando aquela chapa de raio-X com o médico e as enfermeiras ali, um grande V de cera brilhando na chapa para todos verem, ele deve falar a verdade. Sobre o jeito que os árabes se masturbam. Sobre o que o seu irmãos mais velho da Marinha escreveu.

No telefone, nesse momento, ele começa a chorar.

Eles pagam pela operação na bexiga com o dinheiro da poupança para sua faculdade. Um erro estúpido, e agora ele nunca mais será um advogado.

Enfiando coisas dentro de você. Enfiando-se dentro de coisas. Uma vela no seu pau ou seu pescoço num nó, sabíamos que não poderia acabar em problemas.

O que me fez ter problemas, eu chamava de Pesca Submarina. Isso era bater punheta embaixo d'água, sentando no fundo da piscina dos meus pais. Pegando fôlego, eu afundava até o fundo da piscina e tirava meu calção. Eu sentava no fundo por dois, três, quatro minutos.

Só de bater punheta eu tinha conseguido uma enorme capacidade pulmonar. Se eu tivesse a casa só para mim, eu faria isso a tarde toda. Depois que eu gozava, meu esperma ficava boiando em grandes e gordas gotas.

Depois disso eram mais alguns mergulhos, para apanhar todas. Para pegar todas e colocá-las em uma toalha. Por isso chamava de Pesca Submarina. Mesmo com o cloro, havia a minha irmã para se preocupar. Ou, Cristo, minha mãe.

Esse era meu maior medo: minha irmã adolescente e virgem, pensando que estava ficando gorda e dando a luz a um bebê retardado de duas cabeças. As duas parecendo-se comigo. Eu, o pai e o tio. No fim, são as coisas nais quais você não se preocupa que te pegam.

A melhor parte da Pesca Submarina era o duto da bomba do filtro. A melhor parte era ficar pelado e sentar nela.

Como os franceses dizem, Quem não gosta de ter seu cú chupado? Mesmo assim, num minuto você é só um garoto batendo uma, e no outro nunca mais será um advogado.

Num minuto eu estou no fundo da piscina e o céu é um azul claro e ondulado, aparecendo através de dois metros e meio de água sobre minha cabeça. Silêncio total exceto pelas batidas do coração que escuto em meu ouvido. Meu calção amarelo-listrado preso em volta do meu pescoço por segurança, só em caso de algum amigo, um vizinho, alguém que apareça e pergunte porque faltei aos treinos de futebol. O constante chupar da saída de água me envolve enquanto delicio minha bunda magra e branquela naquela sensação.

Num momento eu tenho ar o suficiente e meu pau está na minha mão. Meus pais estão no trabalho e minha irmão no balé. Ninguém estará em casa por horas.

Minhas mãos começam a punhetar, e eu paro. Eu subo para pegar mais ar. Afundo e sento no fundo.

Faço isso de novo, e de novo.

Deve ser por isso que garotas querem sentar na sua cara. A sucção é como dar uma cagada que nunca acaba. Meu pau duro e meu cú sendo chupado, eu não preciso de mais ar. O bater do meu coração nos ouvidos, eu fico no fundo até as brilhantes estrelas de luz começarem a surgir nos meus olhos. Minhas pernas esticadas, a batata das pernas esfregando-se contra o fundo. Meus dedos do pé ficando azul, meus dedos ficando enrugados por estar tanto tempo na água.

E então acontece. As gotas gordas de gozo aparecem. É nesse momento que preciso de mais ar. Mas quando tento sair do fundo, não consigo. Não consigo colocar meus pés abaixo de mim. Minha bunda está presa.

Médicos de plantão de emergência podem confirmar que todo ano cerca de 150 pessoas ficam presas dessa forma, sugadas pelo duto do filtro de piscina. Fique com o cabelo preso, ou o traseiro, e você vai se afogar. Todo o ano, muita gente fica. A maioria na Flórida.

As pessoas simplesmente não falam sobre isso. Nem mesmo os franceses falam sobre tudo. Colocando um joelho no fundo, colocando um pé abaixo de mim, eu empurro contra o fundo. Estou saindo, não mais sentado no fundo da piscina, mas não estou chegando para fora da água também.

Ainda nadando, mexendo meus dois braços, eu devo estar na metade do caminho para a superfície mas não estou indo mais longe que isso. O bater do meu coração no meu ouvido fica mais alto e mais forte.

As brilhantes fagulhas de luz passam pelos meus olhos, e eu olho para trás... mas não faz sentido. Uma corda espessa, algum tipo de cobra, branco-azulada e cheia de veias, saiu do duto da piscina e está segurando minha bunda. Algumas das veias estão sangrando, sangue vermelho que aparenta ser preto debaixo da água, que sai por pequenos cortes na pálida pele da cobra. O sangue começa a sumir na água, e dentro da pele fina e branco-azulada da cobra é possível ver pedaços de alguma refeição semi-digerida.

Só há uma explicação. Algum horrível monstro marinho, uma serpente do mar, algo que nunca viu a luz do dia, estava se escondendo no fundo escuro do duto da piscina, só esperando para me comer.

Então... eu chuto a coisa, chuto a pele enrugada e escorregadia cheia de veias, e parece que mais está saindo do duto. Deve ser do tamanho da minha perna nesse momento, mas ainda segurando firme no meu cú. Com outro chute, estou a centímetros de conseguir respirar. Ainda sentido a cobra presa no meu traseiro, estou bem próximo de escapar.

Dentro da cobra, é possível ver milho e amendoins. E dá pra ver uma brilhante esfera laranja. É um daqueles tipos de vitamina que meu pai me força a tomar, para poder ganhar massa. Para conseguir a bolsa como jogador de futebol. Com ferro e ácidos graxos Ômega 3.

Ver essa pílula foi o que me salvou a vida.

Não é uma cobra. É meu intestino grosso e meu cólon sendo puxados para fora de mim. O que os médicos chamam de prolapso de reto. São minhas entranhas sendo sugadas pelo duto.

Os médicos de plantão de emergência podem confirmar que uma bomba de piscina pode puxar 300 litros de água por minuto. Isso corresponde a 180 quilos de pressão. O grande problema é que somos todos interconectados por dentro. Seu traseiro é apenas o término da sua boca. Se eu deixasse, a bomba continuaria a puxar minhas entranhas até que chegasse na minha língua. Imagine dar uma cagada de 180 quilos e você vai perceber como isso pode acontecer.

O que eu posso dizer é que suas entranhas não sentem tanta dor. Não da forma que sua pele sente dor. As coisas que você digere, os médicos chamam de matéria fecal. No meio disso tudo está o suco gástrico, com pedaços de milho, amendoins e ervilhas.

Essa sopa de sangue, milho, merda, esperma e amendoim flutua ao meu redor. Mesmo com minhas entranhas saindo pelo meu traseiro, eu tentando segurar o que restou, mesmo assim, minha vontade é de colocar meu calção de alguma forma.

Deus proíba que meus pais vejam meu pau.

Com uma mão seguro a saída do meu rabo, com a outra mão puxo o calção amarelo-listrado do meu pescoço. Mesmo assim, é impossível puxar de volta.

Se você quer sentir como seria tocar seus intestinos, compre um camisinha feita com intestino de carneiro. Pegue uma e desenrole. Encha de manteiga de amendoim. Lubrifique e coloque debaixo d'água. Então tente rasgá-la. Tente partir em duas. É firme e ao mesmo tempo macia. É tão escorregadia que não dá para segurar.

Uma camisinha dessas é feita do bom e velho intestino.

Você então vê contra o que eu lutava.

Se eu largo, sai tudo.

Se eu nado para a superfície, sai tudo.

Se eu não nadar, me afogo.

É escolher entre morrer agora, e morrer em um minuto.

O que meus pais vão encontrar depois do trabalho é um feto grande e pelado, todo curvado. Mergulhado na árgua turva da piscina de casa. Preso ao fundo por uma larga corda de veias e entranhas retorcidas. O oposto do garoto que se estrangula enquanto bate uma. Esse é o bebê que trouxeram para casa do hospital há 13 anos. Esse é o garoto que esperavam conseguir uma bolsa de jogador de futebol e eventualmente um mestrado. Que cuidaria deles quando estivessem velhinhos. Seus sonhos e esperanças. Flutuando aqui, pelado e morto. Em volta dele, gotas gordas de esperma.

Ou isso, ou meus pais me encontrariam enrolado numa toalha encharcada de sangue, morto entre a piscina e o telefone da cozinha, os restos destroçados das minhas entranhas para fora do meu calção amarelo-listrado.

Algo sobre o qual nem os franceses falam.

Aquele irmão mais velho na Marinha, ele ensinou uma outra expressão bacana. Uma expressão russa. Do jeito que nós falamos "Preciso disso como preciso de um buraco na cabeça...," os russos dizem, "Preciso disso como preciso de dentes no meu cú......

Mne eto nado kak zuby v zadnitse.

Essas histórias de como animais presos em armadilhas roem a própria perna fora, bem, qualquer coiote poderá te confirmar que algumas mordidas são melhores que morrer.

Droga... mesmo se você for russo, um dia vai querer esses dentes.

Senão, o que você pode fazer é se curvar todo. Você coloca um cotovelo por baixo do joelho e puxa essa perna para o seu rosto. Você morde e rói seu próprio cú. Se você ficar sem ar você consegue roer qualquer coisa para poder respirar de novo.

Não é algo que seja bom contar a uma garota no primeiro encontro. Não se você espera por um beijinho de despedida. Se eu contasse como é o gosto, vocês não comeriam mais frutos do mar.

É difícil dizer o que enojaria mais meus pais: como entrei nessa situação, ou como me salvei. Depois do hospital, minha mãe dizia, "Você não sabia o que estava fazendo, querido. Você estava em choque." E ela teve que aprender a cozinhar ovos pochê.

Todas aquelas pessoas enojadas ou sentindo pena de mim....

Precisava disso como precisaria de dentes no cú.

Hoje em dia, as pessoas sempre me dizem que eu sou magrinho demais. As pessoas em jantares ficam quietas ou bravas quando não como o cozido que fizeram. Cozidos podem me matar. Presuntadas. Qualquer coisa que fique mais que algumas horas dentro de mim, sai ainda como comida. Feijões caseiros ou atum, eu levanto e encontro aquilo intacto na privada.

Depois que você passa por uma lavagem estomacal super-radical como essa, você não digere carne tão bem. A maioria das pessoas tem um metro e meio de intestino grosso. Eu tenho sorte de ainda ter meus quinze centímetros. Então nunca consegui minha bolsa de jogador de futebol. Nunca consegui meu mestrado. Meus dois amigos, o da cera e o da cenoura, eles cresceram, ficaram grandes, mas eu nunca pesei mais do que pesava aos 13 anos.

Outro problema foi que meus pais pagaram muita grana naquela piscina. No fim meu pai teve que falar para o cara da limpeza da piscina que era um cachorro. O cachorro da família caiu e se afogou. O corpo sugado pelo duto. Mesmo depois que o cara da limpeza abriu o filtro e removeu um tubo pegajoso, um pedaço molhado de intestino com uma grande vitamina laranja dentro, mesmo assim meu pai dizia, "Aquela p#%%@ daquele cachorro era maluco."

Mesmo do meu quarto no segundo andar, podia ouvir meu pai falar, "Não dava para deixar aquele cachorro sozinho por um segundo...."

E então a menstruação da minha irmã atrasou.

Mesmo depois que trocaram a água da piscina, depois que vendemos a casa e mudamos para outro estado, depois do aborto da minha irmã, mesmo depois de tudo isso meus pais nunca mencionaram mais isso novamente.

Nunca.

Essa é a nossa cenoura invisível.

Você. Agora você pode respirar.

Eu ainda não.



Freud iniciou seu trabalho usando o hipnotismo com o objetivo de fazer com que as pacientes reproduzissem as situações traumáticas que estavam na origem de seus sintomas.

Posteriormente, descobriu que os pacientes não precisavam ser hipnotizados e que a recordação por meio da sugestão, era um método mais eficaz para eliminar, alterar ou diminuir os sintomas.

Mais tarde, Freud chegou ao método psicanalítico propriamente dito, e passou a orientar a seus pacientes que falassem sobre qualquer coisa que lhes viessem à mente, mesmo que pudesse parecer sem importância, sem relação com seus problemas, ou que fossem reprováveis. Esta é a "regra fundamental" da psicanálise, que é apresentada a cada paciente e com a qual todo paciente deve colaborar. Freud descobriu que todos esses pensamentos, lembranças, fantasias, tinham relação com os sintomas. Freud acreditou no valor das palavras e propôs aos pacientes a recordação e até mesmo a "construção" como método de tratamento psíquico. Descobriu que o sintoma tem um sentido, ou múltiplos sentidos que foram esquecidos pelo sujeito ou que nunca lhe foram conscientes. Para a psicanálise, os sintomas psíquicos são formas substitutivas de satisfação e estão relacionados à sexualidade infantil reprimida.

- Ricardo Celestino

segunda-feira, 12 de maio de 2008



Me posicionando nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade eu consigo fazer de mim mesmo um grande líder político.

E a receita é ser livre para ouvir apenas um, ter a igualdade de apenas seu mundo e a fraternidade de posicionar-se no que te oferecem.

A grande questão é instruir meus comuns desses conceitos, dizendo de forma revolucionária que o necessário é abrir os horizontes, ser ativo. No entanto, a única ferramenta que lhes proporciono é minha cartilha eleitoral.

Abençoadas as teorias que alienam meu povo!
Sou esquerda, sou direita, sou de centro... sou um grande líder de um bando de idiotas.

- Ricardo Celestino

sexta-feira, 9 de maio de 2008

APOSENTANDO-ME... ou FILA NO INSS... ou EU POSSO USAR O BANCO CINZA DO METRÔ...

A China subjetiva esconde
Uma multidão de geniais substantivos,
Uns mais perfeitos que os outros.


Acordei hoje um pouco de saco cheio de ter que ler ou escrever... sei lá, as vezes eu tenho vontade de enterrar o dia, sabe? tirar pra não fazer exatamente nada!


rs

Quero minha aposentadoria!

- Ricardo Celestino

terça-feira, 6 de maio de 2008

PREFÁCIO MAIS QUE INTERESSANTÍSSIMO

Escrevo um prefácio mais que interessantíssimo com o ultraje de ser mais novo e mais velho que o dono do interessantíssimo. Não há intenção na discussão: escrevo por que o instante pede, por que ando, respiro, bebo, me divirto, me entristeço, me revolto. A escrita é espelho, embora deformado e estranho, bonito e feio, ativo ou inativo.

Cada letra, cada verso, é coração. Escreveria sobre todos, mas estragaria a mágica da poética tornando o trabalho um simples diário de revoltas e amores imbecis.

Leia, critique, chore, divirta-se ou vomite, mas nunca torne-me imbecil demais para o seu tempo, ou divino demais para sua compreensão. Você, leitor preguiçoso, crédulo ou incrédulo, ativo ou bobalhão, é o enfoque desta micha obra que tem o peso de machadadas a quilos de ideais carnívoros.

O teu coração já parou de bater a anos e só agora você percebe que precisa de uns socos poéticos para voltar a senti-lo. Pensepensepensepensepense... tudo juntinho...

Esqueça tudo o que aconteceu no passado!

Esqueça tudo que acontecerá hoje!

Esqueça tudo que viverá e todos os teus planos bestas!

Isso tudo é muito mais importante do que nada... antes ler um livro do que vigiar tua vizinha nua... ou melhor, vigie tua vizinha e depois continue a leitura.

As casas de agitações agitam só os esqueletos aliens... eu não sou daqui... minha casa é um lugar frequentado por estrangeiros...

Estrangeiros do mundo, que rimam sal com cal e no final... tudo é azedo igual... tudo é subsídio... é parâmetro... base para cá, para lá, acolá...

Não consuma minha obra como um vinho caro, encare-a como um sal de frutas...

Adeus e até logo!

Se algum dia cruzares comigo, diga ao menos o quanto desinteressante são minhas palavras...

Queridos leitores, o diabo acompanhe vocês... massa bestelóide.

E pra não deixar de ser acadêmico, e dar aqui justificativa a meu título: ``Toda canção de liberdade vem do cárcere!``

- Como se Gorch Fock tivesse alguma importância numa hora dessas...

Ricardo Celestino

segunda-feira, 5 de maio de 2008

MINHAS ANOTAÇÕES NO 12º CONGRESSO BRASILEIRO DE LÍNGUA PORTUGUESA E 3º CONGRESSO INTERNACIONAL DE LUSOFONIA - IP-PUC/SP

A língua portuguesa possui hoje duas ortografias: a lusitana e a brasileira. A ortografia lusitana é base para as nações lusófonas, exceto o Brasil, sendo lusófonas as nações que tem como língua materna ou segunda língua a portuguesa.

Existe uma proposta que visa ligar o galego à lusofonia, uma vez que existem características lingüísticas próximas entre o português luso, o brasileiro e o galego.

Toda e qualquer reforma lingüística visa respeitar a unidade social que há na língua e refletir em cima das semelhanças ortográficas. A questão ortográfica da língua portuguesa tem quase um século (desde 1911, que deu-se a primeira reforma ortográfica de Portugal, sem a consulta de nenhuma outra nação lusófona).

Segundo Malaca Casteleiro, a língua (ortografia) não é só Portugal, mas todos os usuários dela. Por isso a necessidade de uma reforma com o consenso de todas as nações.

O QUE HÁ DE COMUM ENTRE PORTUGAL E BRASIL NAS REFORMAS ORTOGRÁFICAS?

Hoje, brasileiros aceitam suprimir as consoantes mudas e não articuladas.

Sempre houve a reflexão de um consenso entre a Língua Portuguesa brasileira e a Língua Portuguesa lusitana.


(um resumo breve da palestra de abertura do 12º Congresso de Língua Portuguesa e 3º Congresso de Lusofonia da PUCSP, ministrada por João Malaca Casteleiro da Academia de Ciências de Lisboa)


Logo que acabou a palestra de abertura eu pensei: Nossa! dá pra criar uma baita reflexão sobre a reforma ortográfica e a norma culta, já que ambas visam o respeito das unidades sociais da língua, mas acabam, de certa forma, sendo as responsáveis pela criação de inúmeros preconceitos lingüísticos graças a ´´bons gramáticos´´ que refletem a língua ainda com o discurso de certo e errado.

Fica como sugestão de leitura O preconceito lingüístico, de Marcos Bagno, e uma olhada bem minusciosa nas entrelinhas da Gramática da Língua Portuguesa, 2º grau, de Ulisses Infante e Pasquale Cipro Neto. Pra quem não tem amigos e assistiu o Altas Horas nesse sábado e ouviu o discurso do Professor Pasquale a respeito da língua portuguesa como um armário com inúmeras roupas, vale a pena ler os dois livros.


AHHh! vale ressaltar que mesmo o Brasil tendo uma ortografia que difere, em pouquíssimas palavras, da lusitana, ainda não podemos dizer que exista a Língua Brasileira e a Língua Portuguesa. Aliás, essa é outra discussão que dá muito pano pra manga e exige muito mais pesquisa do que a simples comparação de pronúncias.


Ainda no congresso, Evanildo Bechara trouxe uma reflexão bem interessante sobre gramática. Aí vai minhas anotações:


Estudo sobre a Introdução da Investigação Científica da Gramática Brasileira

- Said Ali foi um gênio na construção da gramaticografia portuguesa no Brasil.

Said Ali: - professor de alemão;

- desenha as regiões do Brasil (1905);

- nascido em Petrópolis (mãe brasileira e padrasto alemão);

- língua materna alemã.

- trouxe para a Gramática Portuguesa novidades metodológicas do curso de Fernand de Saussure.

Reflexão sobre a sincronia e a diacronia na gramática.

- Gramática Elementar: Visa à construção lingüística do indivíduo.

``Descrição de uma língua só pode ser feita sincronicamente.``

- Chama sua gramática de Lexicologia do Português Histórico e afirma que a língua deve ser documentada, pois ela inicia-se falada e daí passa para a escrita. A gramática trata das formas do português em sua documentação escrita.

- como se pode fazer uma gramática histórica sem latim? (As críticas que envolvem a gramática de Said Ali)

- Teoria de Saussure de que a descrição é um estágio lingüístico e o que Said Ali faz é comparar dois estágios lingüísticos sendo o primeiro o português atual, o segundo um português mais antigo.

- Proximidade com a competência lingüística do estudante, já que o Latim fora tirado da grade curricular das escolas.

- Propõe uma nova divisão das fases históricas da Língua Portuguesa.

- Said Ali reflete até a fase do Português Moderno de Machado de Assis, sendo suas últimas leituras Júlio Dinis e Eça de Queiroz.

- O português contemporâneo começa a ser explorado por outros pesquisadores, seguindo como base a gramática de Said Ali.

INTRODUÇÃO DA FONÉTICA SINTÁTICA

- Said Ali é o primeiro a refletir sobre a fonética na gramática, no capítulo referente às dificuldades com a sintaxe (problemas de entonação)

- Até o séc. XVII permanecia a próclise, mas a partir dos séculos seguintes, há uma pronomização em Portugal, intensificando a sílaba tônica.

- Os Lusíadas possui em sua métrica a mesma cadência rítmica do português brasileiro hoje.

CONCLUSÃO DE BECHARA

- Said Ali é um mestre que deve continuar a ser refletido nas gerações posteriores assim como Fernand de Saussure. Ele traz para a gramática da língua portuguesa as primeiras reflexões sobre a dicotomia da língua (fala e escrita), observando-a como um sistema lingüístico.


(Evanildo Bechara, ABL - UFF - Liceu Literário Português, palestrante no 12º Congresso Brasileiro de Língua Portuguesa e 3º Congresso Internacional de Lusofonia da PUCSP)


E assistir Bechara sem dúvida é a melhor coisa do mundo! O cara manda bem demais e te motiva a pesquisar e estudar, por que você sai de lá se sentindo extremamente idiota e burrão. Vale como sugestão de leitura o Curso de Lingüística Geral de Fernand de Saussure e uma consultada na gramática de Evanildo Bechara que traz reflexões interessantes não só sobre a dicotomia da língua como a real função que uma gramática deve ter (subsídio na hora de estar praticando a língua em uma devida situação).

Celso Cunha também tem uma gramática boa pra quem pensa em revisar textos. É sempre bom ter essas gramáticas em casa, mas cuidado para não comprar uma gramática histórica, por que ela não vai te servir pra nada! rs...


Bem, pra encerrar, trouxe também algumas reflexões do Luís Carlos Travaglia a respeito do ensino das teorias lingüísticas em sala de aula.


- Teorias Lingüísticas e sala de aula – uma ponte possível

COMO APLICAR TEORIA LINGÜÍSTICA EM SALA (sendo teoria lingüística o ensino da língua materna ou gramática descritiva)

I – Bases para ir da teoria às atividades em sala de aula

- Objeto de ensino;

- Estruturação e composição das atividades;

- O conhecimento teórico da língua é fundamental para o professor.

Meta: desenvolvimento da competência comunicativa.

- Menos ênfase à teoria gramatical.

- Necessidade em saber usar a língua.

- Possibilidades significativas dos recursos lingüísticos.

- Competência comunicativa: usar recursos da língua de modo adequado numa situação devida.

- Língua como forma de interação.

- O significado vai além da seqüência lingüística.

- Efeito de sentidos que pode ser produzido num texto. O QUE?, POR QUEM?, EM QUAL SITUAÇÃO?, QUAL OBJETIVO?

``Menos importante desenvolver do aluno a teoria gramatical do que mostrar sua função inserida num texto.´´

A TEORIA É UMA TENTATIVA DE DESCREVER ALGO DA LÍNGUA, E DEVE SER USADA COMO SUBSÍDIOS

- Há mais que uma descrição para o mesmo ato lingüístico.

- Há possibilidades de construções de novas teorias lingüísticas.


(Luíz Carlos Travaglia, Univerdade Federal de Uberlândia, 12º Congresso Brasileiro de Língua Portuguesa e 3º Congresso Internacional de Lusofonia)

e enfim, eu achei toda essa reflexão muito interessante, por que todas as palestras que eu assisti deixaram aberto uma coisa: continuem estudando sempre, por que a ciência, embora pareça já não ter mais campos de pesquisa ou espaço para coisas novas, está sempre abrindo campos de discussões interessantes que podem muito bem influenciar na prática das pessoas. O congresso é realizado de dois em dois anos. Esse é o segundo que eu participo e saio de lá mais motivado que quando sai do primeiro. Deveríamos cobrar esse tipo de evento em nossas faculdades também. Isso valoriza quem pensa em seguir uma carreira que não é lá muito valorizada hoje em dia: tanto o professor de letras quanto o pesquisador dos fenômenos que envolvem a linguagem.


- RICARDO CELESTINO

segunda-feira, 28 de abril de 2008

- Diego Garcia

Um passeio subjetivo pela cidade de São Paulo e uma tentativa de não ser só mais um clichê dos modernos.

Um trabalho de Diego Garcia ilustrado por alguns rabiscos de Ricardo Celestino.


- Ricardo Celestino

sexta-feira, 25 de abril de 2008

NÃO SE FAZEM DIAS COMO AQUELE DIA...

Bem, hoje irei escrever algo fugindo um pouco do padrão literário e crítico, mas para quem me conhece sabe que as bases de toda minha parole estão relacionadas a esse assunto...
como irei estar afastado dos computadores amanhã, decidi postar hoje o que já a muito venho exteriorizando com risos, palavras, caras...

dia 26/04/07 - Depois de teus olhos de gota tanto me observarem, e depois de uma guerra incessante de mim comigo mesmo, acabei embarcando em tua Highway, e vc mergulhou de cabeça e de roupa e tudo dentro dos meus sentimentos. O que transparece aos outros como um simples rondó para mover esqueletos, na verdade é uma sofisticada canção de jazz, e nossos ouvidos sensíveis captam o que ninguém jamais captou. Apenas juntos...

Uma das canções que marcaram esse dia:

When your heart is black and broken
And you need a helping hand
When you're so much in love
You don't know just how much you can stand
When your questions go unanswered
And the silence is killing you
Take my hand baby, I'm your man
I got love enough for two

Ten storey love song
I built this thing for you
Who can take you any higher
Than twin peak mountain blue?
Oh well, I built this thing for you
And I love you true

There's no sure fire set solution
No short cut through the trees
No breach in the wall
That they put there
To keep me from you

As you're lying awake in the darkness
This everlasting night
Someday soon
Don't know where or when
You're gonna wake up and see the light

Ten storey love song
I built this thing for you
Who can take you any higher
Than twin peak mountain blue?
Oh well, I built this thing for you
And I love you true

Dia 25/04/08 - E hoje completa quase um ano, na ausência de um dia, e nossa música há de cantar e preencher-nos sempre que necessário. Sei lá, algo como um punk rock muito brega, ou um sertanejo de moicano e calça rasgada... mas ela sempre vai estar presente na forma de abraços, beijos, choros ou sorrisos...

Amoo tu, como nunca amei ninguém menina cabeçuda! E você tem preenchido aqueles vãos de imperfeição que fazem com que eu queira avançar.

thanx!!!

I love you true!

terça-feira, 22 de abril de 2008

EPOPÉIA DA BURGUESIA - EM BREVE UM RESUMO CIENTÍFICO

busca-se o tesouro que é o próprio ego,

uma identidade que é um intertexto de grandes histórias,
formam a maior epopéia do universo.

- Ricardo Celestino

sexta-feira, 18 de abril de 2008

O USO DE DROGAS...

JC - Hoje, a educação concernente a drogas é uma educação contra drogas. Que tipo de educação você acha que devemos adotar para usufruirmos as drogas eficientemente?

Henrique Carneiro: esta é uma questão central. Devemos adotar em relação às drogas não um discurso erradicador e abstensionista puro. O ´just say no´ é uma atitude completamente inviável, porque há uma curiosidade natural das pessoas em conhecer os efeitos das drogas.

Todas as instituições deveriam incentivar os jovens não a ser ´´virgens eternos´´ em relação ao uso destas substâncias, mas sim a conhecê-las em sua imensa gama e nos riscos e benefícios do que cada uma pode trazer. A partir daí, eles escolheriam usá-las ou não, em última instância em função de sua liberdade de escolha. É um direito, assim como fazer alpinismo.

O ideal é um processo educacional em que as pessoas pudessem consumir drogas como parte da iniciação à vida adulta, mas tendo um critério de conhecimento pleno. Ocorreria a substituição do ´just say no´ pelo ´just say know´.

[MATÉRIA EXTRAÍDA DO JORNAL DO CAMPUS. ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES, Universidade de São Paulo, Segunda quinzena de abril de 2008 - NÚMERO 336, ANO 26.]

O uso de drogas psicodélicas é, sob qualquer pretexto, considerado nocivo pela propaganda governamental. Para Henrique Carneiro, autor de seis livros sobre drogas e professr titular do Departamento de História da USP desde 2003, a solução para combater os malefícios do uso destas substâncias não é adotar o discurso de abstenção total, mas sim educar os jovens para que eles desfrutem delas, cientes de seus malefícios. Todas as instituições sociais, da família à escola, devem se envolver no processo de abertura não das portas da percepção, como das do diálogo.


Posto essa matéria com o intuito de estimular uma reflexão a cerca do uso drogas no Brasil. Bem, inicialmente, penso que o Brasil é um país gigantesco e tudo que se pensa para ele, deve-se pensar em toda a sua extensão de norte a sul, de leste a oeste. Henrique Carneiro tem uma brilhante tese sobre como a droga deve ser legalizada, mas ele parte de um princípio ideal, impraticável em São Paulo, quanto mais no Brasil.

Bem, e por que impraticável? Seria o caso de observarmos como se dá o uso de uma substância lícita hoje em dia, o álcool. Podemos afirmar que o álcool é utilizado de forma consciente? Não estou fazendo aqui uma apologia à censura das substâncias químicas, aliás concordo bastante com o que Henrique Carneiro defende, no entanto eu interpreto sua tese como uma utopia que é ótima de ser lida e conhecida, em resumo, um Karl Marx, um Lênin, que na prática acaba gerando resultados que fogem do controle.

Me penduro nas costas do velhinho Paulo Freire para afirmar, com as minhas palavras mas com as idéias do pedagogo, de que é impossível de se pensar em uma lei, uma estrutura ou uma idéia que sirva para todas as extensões brasileiras. As mudanças devem surgir em escala regional, e aí eu me apoio a Henrique Carneiro e afirmo que não deve haver intromissão de igreja, nem de governo, nem de nada quanto às mudanças naturais que ocorrem na sociedade, pois não adiantou nada a igreja posicionar-se contra o uso da camisinha, contra a terra ser redonda, contra o renascimento... as coisas acontecem como devem acontecer. Não devemos forçar nem daqui, nem dali.

E bem... vamos tomar cuidado com o excesso de partidarismos...

Sem mais.

Ricardo Celestino

quinta-feira, 17 de abril de 2008

OREBILOSSEC

1...2...3...

caminhando

1...2...3...

parando

1...2...3...

vivendo

E as leis físicas dominam meus instintos,
Mas as leis físicas não dominam meu coração.

1...2...3...

vivendo

1...2...3...

caminhando parando

1...2...3...

vivendo caminhando

1...2...3...

parando parando

1...2...3...

E as físicas dominam as leis instintos meus,
Físicas leis meu coração mas não as dominam.

1...2...3...

vivendo caminhando vivendo

1..vivendo...3...

caminhando 2 parando

1...
caminhando
2...
vivendo
3...
parado

- Ricardo Celestino

UM POUCO DE FOUCAULT - UMA REFLEXÃO DE ROSA MAIRA BUENO FISCHER

Procurei, neste artigo, expor a teoria de Foucault sobre o discurso, demonstrando
de que modo o autor ensina aos pesquisadores um modo de investigar
não .o que está por trás. dos textos e documentos, nem .o que se queria
dizer. com aquilo, mas sim descrever quais são as condições de existência de um
determinado discurso, enunciado ou conjunto de enunciados. Suspendendo continuidades,
acolhendo cada momento do discurso e tratando-o no jogo de rela-
ções em que está imerso, é possível levantar um conjunto de enunciados efetivos,
em sua singularidade de acontecimentos raros, dispersos e dispersivos e indagar:
afinal, por que essa singularidade acontece ali, naquele lugar, e não em outras
condições?
Em síntese, partindo de que não se pode falar de qualquer coisa em qualquer
época, o que afirmei, a partir de Foucault, é que um determinado objeto
(como o conjunto de enunciações sobre a professora dadivosa ou a adolescente
virgem) existe sob condições .positivas., na dinâmica de um feixe de relações, e
que há condições de aparecimento histórico de um determinado discurso, relativas
às formações não discursivas (instituições, processos sociais e econômicos).
Tudo isso pode ser aprendido e descrito a partir dos próprios textos; a partir deles,
é possível destacar as regras pelas quais o jogo de relações entre o discursivo e o
não discursivo, em uma determinada época, fazem aparecer aquele objeto, e não
outro, como objeto de poder e saber (o objeto virgindade adolescente, o objeto
professora missionária, ou ainda o objeto mulher jovem de 40 anos, conforme os
exemplos citados).
A compreensão da temporalidade dos discursos, como vimos aqui, talvez
possa deixar um pouco mais clara a preocupação de Foucault com a .raridade. não
só dos enunciados, mas dos próprios fatos humanos. Essa atenção ao que poderia
ser .outro. é básica para o arqueologista. O historiador Paul Veyne explica que a
afirmação de que os fatos humanos são raros significa, no pensamento foucaultiano,
que eles:
222 Cadernos de Pesquisa, n. 114, novembro/ 2001
...não estão instalados na plenitude da razão, há um vazio em torno deles para
outros fatos que o nosso saber nem imagina; pois o que é poderia ser diferente; os
fatos humanos são arbitrários, no sentido de Mauss, não são óbvios, no entanto
parecem tão evidentes aos olhos dos contemporâneos e mesmo de seus historiadores
que nem uns nem outros sequer o percebem. (Veyne, 1982, p.152, grifos
meus)
O convite de Foucault é que, através da investigação dos discursos, nos
defrontemos com nossa história ou nosso passado, aceitando pensar de outra
forma o agora que nós é tão evidente. Assim, libertamo-nos do presente e nos
instalamos quase num futuro, numa perspectiva de transformação de nós mesmos.
Nós e nossa vida, essa real possibilidade de sermos, quem sabe um dia,
obras de arte.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

UMA PIMENTA AO MANIFESTO OU REFLEXÕES SOBRE MARÉ, A NOSSA HISTÓRIA DE AMOR


Bem, vou esquecer a introdução com “Olá, Ricardo...” pois nossa relação é muito mais que troca de posts e respostas. É algo alcoólico e real... então vamos logo ao que interessa.

Ontem fui a Cinemateca e assisti “Maré, A Nossa História de Amor”. Digo que o filme em si é uma droga, uma porra de um porre de vinho Chapinha. É um musical baseado em Romeo e Julieta, ocorre na periferia do Rio. Na favela da Maré. A nossa Julieta é filha de um traficante. O nosso Romeo irmão de outro. Um amor impossível, unido pela música e pela dança.

Eu já esperava que fosse um filme terrível sim, fui com a intenção de ver o debate no final da sessão. O debate foi técnico, sobre fotografia e câmera. Bom para entender de algo que sou completamente leigo.

Lá estava um rapaz “infiltrado” no público. Morador da favela Maré. Ele ficou decepcionado com o filme, esperava que mostrassem as partes positivas da favela, pelo menos a realidade de lá. “É um filme ficcional. É uma fantasia, a intenção não é mostrar isso”. Logo respondeu o diretor de fotografia.

Concordo, a intenção do filme é mostrar o amor entre os dois personagens principais. Não há a obrigação de mostrar nada, além disso. O cenário é a favela e a junção dos personagens é o centro de toda a história.

Aí que está. O filme utiliza-se, como tantos filmes atuais, a cosmeticação da pobreza e da fome. A garotada dançando feliz de um lado para o outro. Claro que eles tem direito à felicidade. Mas não vejo pontos de mudança nisso.

A função do artista é mostrar a merda e não apontar a mudança. Incentivar a mudança. Montar uma crítica, fazer a galera pensar. Sim, a arte cria modificações e influencia o povo. E, infelizmente, o que vemos é uma idiotização onde o responsável é a tele-novela e filmes como esse.

Não vejo mudança em glorificar personagens como Glauber e Chico. É necessário sentir inspiração por revolucinários, mas suas obras pouco dizem hoje em dia, na nossa realidade. Talvez seja necessário utilizar Glauber, ou somente suas estéticas. Mas lembre-se que para criar o novo é preciso destruir o velho. “Viva a Eucaristia do funesto para destruir o costume seleto”. Destruir, não. Quis dizer mastigá-lo, ingeri-lo e transformá-lo em influência. Porém, a partir do momento que essa paixão torna-se a principal inspiração, não há mudança.

O que se vê no cinema hoje é um ufanismo à favela e a crítica a “zona sul”. Culpando os usuários pelo armamento da favela, que hip hop é melhor que balé, carregar uma arma é legal etc. É apenas uma troca de papéis. Inclusão dos menos privilegiados ao meio burguês, um pensamento de massa hipócrita.

Onde estão os artistas? Será que estão muito ocupados com resenhas e propagandas do McDonald’s? “O preço do conformismo será a aniquilação da humanidade, e – às vésperas de um apocalipse – existe uma verdadeira escassez de idéias que apontem uma saída”.
Estou cansado de filmes que são novelas de duas horas. Estou cansado da Globo Filmes. Estou cansado. “É preciso vencer essa inércia, e essa paralisia, esse medo de termos idéias, posto que antes de modificar o mundo, uma idéia modifica quem a teve. Abandonar as certezas e aceitar o risco do mistério onde tudo é incerto”.

Volto agora para a Cinemateca. A decepção do morador da Maré. O cara que não pode passar pela “Faixa de Gaza” senão cortam sua cabeça como exemplo aos outros. Ele não deveria estar feliz de ver um filme assim gravado onde ele nasceu? Não. Claro que não. E não estava. Sabe que tudo aquilo não passa de baboseira. Merda burguesa, um olhar classemédiano da periferia. É legal só para quem não é de lá. Só para quem não precisa ficar deitado em baixo da cama para fugir de balas, não apanhar da polícia...

Fora isso. O filme é terrível em tudo. A história é fraca. As músicas são terríveis. Os diálogos preconceituosos e o final shakesperiano não me comoveram, tive que me esforçar para não iniciar uma frenética gargalhada.

O que quero dizer é, há falta de idéias. Há apenas criações comerciais. Não há diferença entre a prostituição e diretores de filmes assim. Há apenas uma. As prostitutas e os michês são sinceros.


- Erick Martorelli


Aí eu pretendo apimentar um pouco essa discussão...

Assistam, ou procurem se informar sobre Orfeu da Conceição de Vinícius de Moraes e teremos uma mitologia grega transportada para as favelas do Rio de Janeiro. Com o filme criticado pelo Neobrazillix temos William Shakespeare transportado para as favelas. Pelo amor... é exatamente isso que nos irrita!

Vinícius de Moraes foi fantástico, o melhor em sua época. E mostrar que na favela também existiam pessoas que tinham a capacidade de se apaixonar foi algo chocante (para a época). É o que acontece hoje quando nos deparamos com o modernismo e sentimos dificuldade em entender por que aquilo é tão crítico e agressor (refiro-me às artes visuais), por exemplo, e esse exemplo eu sempre gosto de utilizar quando falo de modernismo, o mictório exposto e assinado. Hoje em dia tem milhares de babacas que expõem as cuecas falando que é arte, sem apresentar um propósito estético que não se diferencia dos grandes de 1922. E eis que surge um filme com as mesmas intenções de Vinícius de Moraes, só que num período em que esse tipo de discurso já tá pra lá de passado e batido. Valha-me Deus!

Pois é... em tempos de Baudelaire-chique, causar impressão talvez seja observar as coisas com certa objetividade e tentar o máximo possível não ser ideológico. Esses filmes fedem a ideologia, cheiram mal... com certeza que cheiram. De um lado REDE GLOBO, do outro A FAVELA COMO ELA É. Se tua intenção é desenvolver um diálogo, mostre a partir de qual foco esse diálogo foi desenvolvido. Sejamos claros. Agora, não me venha com essa de que tua obra expressa o amor da favela, os corações de dois jovens reprimidos pelo crime do submundo. A verdade é que o filme expressa uma opinião e se sustenta numa realidade que não desfruta da mesma opinião infelizmente.

``É mais fácil jogar lixo em quem já está sujo do que cagar nos pés de quem tá limpo.``

Agora, uma breve reflexão sobre o título do filme, e aí dou brecha a novas apimentadas nas postagens futuras: Maré, NOSSA história de amor.

Reflitamos uns segundos a respeito da primeira pessoa do plural e posso dizer que eu não estou incluído nessa história, alguém aí está?

Sem mais.


- Ricardo Celestino

terça-feira, 15 de abril de 2008

A NECESSIDADE SOCIAL DA ARTE

Fazendo uma breve análise do que foi dito a respeito da arte como necessidade social, muito bem explorada por Neobrazillix, decidi revisar a manifestação e com isso enriqueceê-la um pouco mais, se é que isso é possível.

A priori, diz-se que a única saída é o comportamento criador, a criação, o novo, e aí é traçado em comparação uma falta de criação de nossa sociedade. Eu diria que isso não se limita apenas à arte, mas tem valores que transcendem até mesmo o político e o econômico e atinge as relações sociais do dia-a-dia. As pessoas cada vez mais se apóiam nos ombros alheios para caminharem, e não há certa importância na construção de conhecimento, na utilização do antigo como ponte e inspiração para novas realizações.

Pois é, defendo que isso não se dá exclusivamente na arte, pois temos raízes indestrutíveis de uma nação que se fundou em cima da corrupção e da ganância pelo enriquecimento. Isso fez da nossa educação apenas um manche que possibilite nos guiar para um destino de grandes ouros e tesouros. O mundo todo não está em sintonia com nossas conquistas, mas está para ser explorado, consumido, torrado. E eis que tomamos as mesmas atitudes dos primeiros europeus que popularizaram as terras brasílicas. Faz-se necessário uma reflexão para o grupo. Chega de individualismos!

Escuto Arnaldo Jabor falando que o Brasil sempre foi um país cinematográfico, que possui temas e infindáveis palcos para as telonas, e ainda critica o Oscar, valoriza o Grande Otelo. Pois não tiro méritos de Grande Otelo, não desminto as críticas ao Oscar, mas ponho na mesa uma questão que pode fazer de minhas mãos pernas e de minhas pernas mãos: se incomoda tanto nosso crítico, as situações cinematográficas atuais, junto de todo o palco político e social do país, e se há espaço para se gravar e produzir ótimos trabalhos atualmente, por que o silêncio? Eu resumo silêncio voltando à questão do comportamento criador. Há o momento em que cansa apreciar Glauber Rocha e Chico Buarque, e que de tanto observar a genialidade de ambos, temos a vontade de fazermos nossa história, de também nos posicionarmos e defendermos nossos direitos, nossas vontades e exaltações.

É fato que produções culturais não mudam nada rapidamente. Não trata-se de um assistencialismo, não é um Fome Zero, ou uma justificativa de votos. Mas são as produções culturais, junto de reflexões sociais, de esqueletos movendo-se para se pensar no homem, que formam paradigmas, que quebram padrões.

Logo, é de se imaginar que o incentivo não virá de cima, a menos que os forcemos a nos incentivar. O comportamento criativo vem do indivíduo para assim atingir um grupo. Não temos nenhuma publicação formal, estamos no começo da estrada, e com certeza há aqueles que já caminharam milhas e nos fazem comer poeira, mas aproveitamos o espaço que temos, nos enfiamos nos buracos que nos abrem pouco a pouco, e quanto ao resultado que isso renderá, não importa. Tem-se aqui não a necessidade de publicações e aplausos que se apagarão com o tempo, mas a necessidade de refletir e atualizar, refletir e acrescentar, criticar, berrar, urrar! Ou somente falar, sabendo o que se diz e o que se escuta.

- Ricardo Celestino

segunda-feira, 14 de abril de 2008


Aprendi a colocar links no blog!!!!
(a foto é para ilustrar minha idiotia)
- Ricardo Celestino

UM PAPO COM A MORTE


Certo dia conversei com a Morte
E ela me disse que a vida é o palco,
E nós somos os autores.

E após alguns cigarros e boas cervejas,
Chegamos juntos a conclusão:
Todo mundo é aparecido demais pra deixar de atuar,
mas tem aqueles que parecem se cansar
diante de tanta atuação concorrente.

E aí fechemos os quadrinhos.
- Ricardo Celestino
``Imagens no banco da frente de um veículo que governa-se ao desgovernado.
Vagarosamente, pouco a pouco,
Antes que cria-se afirmações em teorias,
Nuvens esfumaçam imagens reais.´´
- Ricardo Celestino?

sexta-feira, 11 de abril de 2008

É...


quinta-feira, 10 de abril de 2008

A RESPEITO DOS NEO BRAZILLIX


Imagine um homem completamente sujo fazendo suas intimidades básicas de calça e tudo, em plena avenida paulista, e no reclamar dos transeuntes, suas mãos recolhem o seu produto e atira nas caras alheias como um desvairado retardado. Grita, grita muito. Incomoda com agulhadas agaivéticas.


Aliás, tal termo é essencial para a compreensão do Neo brazillix. Agaivético. Ele falece as estruturas pouco a pouco. É uma ruptura, um vírus que por si só não faria barulho algum, mas entra em choque constante com aqueles viruzinhos bestas que a gente pega na rua. Isso é o fundamento do brazillix: o choque com os zinhos que se encontram perdidos no mundo.
E esse homem sujo certo dia escreveu coisas que são depreciadas a todos presentes. Os pretéritos nem sequer se importam. O que dizer dos futuros?

Não vejo mudança alguma além da transgressão.Corrosiva, de acidez clássicaDa beleza terrívelDo mendigo, do enjeitado, do ladrãoDo encarcerado, do pederastaE a todos de perpétua condenação.

Ele é a margem do que existe, mas uma margem que cutuca e fere os ouvidos. É... em tempos de Baudelaire-chique, vem esse sujeito que ataca merda nas pessoas, e todos clamam: Meu Deus! Pra quê isso? Mas suas calças estão mijadas! Como pode um ser-humano não conseguir segurar as próprias fezes?


E vez ou outra acertam: Esse cara é louco! É o atirador de merdas! Merdas que nos incomodam!


Pois é... chame de merda tudo que quiser, mas a voz desse grande otário a quem vocês tanto xingam tem por trás mais de cem mijados, que por hora é pouco e por hora são bem ignorados.


O engraçado é que as pessoas sempre consomem merda, quando esta se fermenta e envelhece a ponto de ficar sequinha e bem durinha, ideal para uma estante de livros.

Salve Neo Brazillix! Ó atirador de merdas lexicais chocantes! Salve teus poemas que atiram verdades em caras maquiadas.

A NOÇÃO DE ETHOS

O texto não é para ser contemplado, ele é enunciação voltada para um co-enunciador que é necessário mobilizar para fazê-lo aderir 'fisicamente' a um certo universo de sentido. O poder da persuasão de um discurso decorre em boa medida do fato de que leva o leitor a identificar-se com a movimentação de um corpo investido de valores historicamente especificados" (Maingueneau 2005:73).

O autor chama a atenção para o fato de que qualquer discurso escrito possui uma vocalidade específica que se manifesta por meio de um tom: este tom indica quem o disse, permitindo relacioná-lo a uma fonte discursiva e determinar o "corpo do enunciador" - e não do autor efetivo: "a leitura faz emergir uma origem enunciativa, uma instância subjetiva encarnada que exerce o papel de fiador" (Maingueneau ).

Com base em indícios textuais, o leitor constrói a figura do fiador que se investe de um caráter e de uma corporalidade. Estes, por sua vez, apóiam-se em estereótipos sociais, ou seja, em representações sociais valorizadas ou desvalorizadas. Neste caso, o ethos não pré-existe à enunciação, uma vez que é por seu próprio enunciado que o fiador deve legitimar sua maneira de dizer. Diferentemente do que acontece na abordagem clássica, aqui o enunciador não é um ponto de origem estável, que se expressaria desta ou daquela maneira. É nesse sentido que Maingueneau afasta-se da concepção de ethos como procedimento ou como estratégia, na medida em que, para ele, os conteúdos não pré-existem à cena de enunciação que eles assumem: o fiador legitima sua maneira de dizer por seu próprio enunciado e a cena de enunciação é, simultânea e paradoxalmente, aquela de onde o discurso vem e aquela que ele engendra: "São os conteúdos desenvolvidos pelo discurso que permitem especificar e validar a própria cena e o próprio ethos, pelos quais esses conteúdos surgem" (Maingueneau ).

DE UM DÉCIMO ANDAR QUALQUER

Eu não sei se um dia vou poder
Voltar a sorrir para você
Agora que senti
O seu ponto de vista
E seu ângulo de visão.

Tudo que consegui fazer
Foi afastar meu corpo e soluçar um copo d´água.

ps: poema velho... já que agora a onda é atirar pessoas pela janela. É uma homenagem a alguém que já não está tão próxima assim.

=)

- Ricardo Celestino

segunda-feira, 7 de abril de 2008

REFLEXÕES SOBRE UM ALÉM MODERNIDADE

Banhei-me ao tédio que exala inspiração.
A falta do que fazer faz de um vassalo, suserano,
E de um rei, um plebeu.

Não controle tuas emoções,
mas não jogue teu corpo ao léu.
O suicídio faz de tua alma perdida.

Até os cegos vêem imagens,
distorcendo em funções robóticas.
Admire um mundo,
onde o novo está para aparecer.

Os tolos dizem o que sábios diziam,
mas o conhecimento não é uma abóboda fechada.
Saia, liberte-se
pois o ridículo é o trancafiado,
e o trancafiado é
o comunista, o esquerdista, o nazista, o facista, o socialista, o neoliberal, o integralista, o modernista, o parnasiano, o romântico...

E é tempo de Baudelaire passar vergonha,
ao invés de chocar e inovar.

Mostre tuas feras,
aponte todos os dedos de tuas mãos,
atire pedras lexicais aos ouvintes icônicos.

- Ricardo Celestino

sexta-feira, 4 de abril de 2008


"Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico."
"Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhoras que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém."
''A mais tola das virtudes é a idade. Que significa ter quinze, dezessete, dezoito ou vinte anos? Há pulhas, há imbecis, há santos, há gênios de todas as idades.''
''Nós, da imprensa, somos uns criminosos do adjetivo. Com a mais eufórica das irresponsabilidades, chamamos de "ilustre", de "insigne", de "formidável", qualquer borra-botas.''
- Nelson Rodrigues.
extraído de
Pois é um sujeitinho tão velho e atual quanto coca-cola.
cheers para os olhos pesados!
Ricardo Celestino

quinta-feira, 3 de abril de 2008

NUM FUNDO FUNDO DE MINHA CABEÇA

Eu acordei naquela noite caminhando numa estrada deserta, mas de repente estava no meio de uma multidão que me olhava horrorizada. Minhas mãos, que cavucavam areia, estranhamente tornaram-se vermelhas e eu não me sentia ferido. O bisturi cavucou o peito de um senhor qualquer. A avenida parou até que meu corpo se tornasse um animal bruto prestes a virar sabão num camburão-carrocinha.

Minha cabeça bateu tão forte na água do mar que mais parecia a cela de uma prisão. Eu via minha mãe transformar-se em avó e minha avó em minha irmã. Alguém gritava tanto que não me deixava dormir... e eu não estava com sono e não conseguia parar de gritar... até que o silêncio chegou.

O silêncio veio como um líquido forte que fez baquiar. tava meio abobado ouvindo os conselhos daquela velha garota criança que se projetava como minha mãe-avó. Acabara, por fim, de inventar um novo parente: a mãe-avó.

- Ricardo Celestino

``Em doença mental e Psicologia, Foucault afirma que qualquer que seja o grau e a forma da doença mental, sempre implicará num grau de consciência do doente sobre a sua doença. Desta forma, os doentes t~em consciência de dois mundos e estes são reais para ele. Assim, Foucault afirma: ``A consciência do doente desdobra-se sempre, por si mesma, numa dupla referência; quer ao normal e ao patológico; quer no familiar e ao etranho; seja ainda, ao singular e ao universal; seja, finalmente, à vigília e ao onirismo.´´ Diante desse conflito entre os dois mundos, há uma perturbaçã tanto no mundo circundante quanto no mundo participante, tendo o doente que tentar se situar no tempo e no espaço dos dois mundos; o que se torna extremamente complexo, fazendo com que este doente fique, em muitos casos, decontentado destes - além de - situa-los fora da realidade comum.´´
Tempo e Espaço em Doença Mental e Psicologia
- Catia Ribeiro de Santana Lopes

terça-feira, 1 de abril de 2008


Quantos anos precisamos para perceber
Que estamos nos dirigindo ao caminho errado?
Quanto tempo falta para comprovarmos o certo e o só correto?

E tantos dias, tantas horas...
Tantos crimes em poucos dias, em poucas horas...

E o que é sua existência
Senão borracha em fósforo em canhões
é o nada,
Que se divide em três partes semióticas
Que horrorizam teu semblante

A existência existe para aqueles...
Que só querem um pouco mais de sobreposição,
Que não querem enfim...
Um fim.

E triste aqueles olhos que se viraram na madrugada
E um dia me acolheram de espectador
Agredindo meu corpo,
Meu corpo palestrante.

- Ricardo Celestino

(poema às pessoas que não fizeram nada de especial, pois perderam o caminho da estrada.)

domingo, 30 de março de 2008

NECESSIDADE DE PROSAR

É complicado...
ia eu colocar aqui uma figura ilustrando um texto descritivo de uma das pessoas mais importantes da minha vida e esse maldito computador não deixa eu abrir uma janela para inserir imagens. Então, decidi escrever qualquer coisa só para falar que escrevi hoje.

Bem, hoje meu dia foi muito complexo, cheio de atividades...
acordei.......... comi........ dormi...... acordei...... comi...... e agora irei dormir logo logo.

Abraços!

- Ricardo Celestino

segunda-feira, 24 de março de 2008

AOS REMOS

Rema rema rema,
que remar não há problema

rema rema rema
até encontrar o que se algema,
até ver que o que se tema
é na verdade um grande tema
disfarçado em bom poema
abolindo o uso do trema,
vendo-se o caos sem lema.

Rema rema rema
Que suar não há problema.

- Ricardo Celestino